Turismo e patrimônio no município de Ouro Preto/MG: desigualdades territoriais e contradições socioespaciais circundantes aos valores histórico-culturais
DOI:
https://doi.org/10.18472//cvt.23n1.2023.2065Palavras-chave:
Ouro Preto, Patrimônio Cultural, Dinâmica Territorial.Resumo
Ouro Preto é reconhecida nacional e internacionalmente por seu valor patrimonial e histórico materializado na monumentalidade das construções do período barroco-colonial. Estes fatores levaram a cidade a ser consagrada enquanto Patrimônio Mundial da UNESCO em 1980. A chancela da UNESCO permitiu que a cidade conquistasse mais renda diante do fluxo de capital em razão do reconhecimento de valores como singularidade, autenticidade e excepcionalidade. Nesse contexto, o objetivo da pesquisa é debater a relação conflituosa entre turismo e patrimônio, tecendo conexões com as motivações políticas, institucionais e econômicas que estão no entorno da sua preservação. Destarte, foi realizada uma pesquisa descritiva e exploratória que encaminhou-se por meio de técnicas de pesquisa bibliográfica e análise documental para efetivar a interpretação e a discussão dos resultados. O estudo foi construído a partir de dezenas de artigos científicos, trabalhos publicados em anais de eventos, capítulos de livros, dissertações e teses de doutorado, buscando aprofundar o conhecimento acerca das características que abarcam o objeto de investigação . Ao final foram perceptíveis as contradições socioespaciais e territoriais reveladas na relação do turismo com o patrimônio , pois ao passo que a municipalidade se aproxima do centro histórico, ela distancia-se das periferias. O processo de refuncionalização turística do centro histórico foi concebido priorizando os valores mercadológicos, prevalecendo a cenarização e a fetichização da paisagem como forma de atrair turistas. Espera-se que o poder local e as resistências sociais instituam instrumentos de enfrentamento úteis frente ao processo de segregação socioespacial, prezando pela manutenção de espaços multifuncionais voltados à fruição e à apropriação efetiva do patrimônio. Além disso, vislumbra-se uma política urbana mais justa, com foco em uma política patrimonial baseada na gestão participativa dos núcleos urbanos tombados. Há ainda a necessidade de ativar memórias que sejam integradoras, que estimulem o diálogo, que permitam escapar de imposições historicamente estabelecidas. Da mesma forma, é necessário suprir a carência de patrimônios identificados em todos os setores territoriais da cidade, sobretudo nos espaços marginais e não somente nos que estão localizados em seu centro histórico.
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